Alguém mora numa casa pequena e, no decorrer dos anos, vai juntando muitas tralhas nos cômodos. Muitos hóspedes trouxeram objetos, e quando se foram, deixaram malas. É como se ainda tivessem aqui, embora tenham partido há muito tempo, e para sempre.
Também o que o próprio dono juntou permanece dentro da casa. É como se nada tivesse passado, nem se perdido. Mesmo as coisas quebradas se apegam a lembranças. E assim elas ocupam espaço para coisas melhores.
Só quando o proprietário está quase sufocado é que ele dá início à arrumação. Começa pelos livros. Será que ele vai querer contemplar eternamente as velhas imagens e tentar entender doutrinas e histórias alheias?
Assim, remove o que há muito tempo estava liquidado, e os cômodos ficam amplos e claros.
Então abre as malas alheias e examina se encontra algo utilizável. Aí descobre algumas preciosidades e as coloca à parte. O resto ele carrega para fora. Joga as velharias numa cova profunda, cobre-a cuidadosamente com terra e depois planta grama por cima.
Bert Hellinger, No centro sentimos leveza - 4a edição. 2012 (pag. 131).
Comentarios