Um certo homem comprou um burro novo, e acostumou-o desde cedo à dureza da vida. Punha-lhe cargas pesadas, fazia-o trabalhar o dia inteiro e só lhe dava o que comer o estritamente necessário. E assim, o burro novo logo se tornou um autêntico burro.
Quando chegava seu dono, ele se punha de joelhos, abaixava bem a cabeça e deixava que o dono lhe pusesse qualquer carga, por mais pesada que fosse, mesmo que estivesse a ponto de desabar sob o peso. Outras pessoas que viam isso se compadecem dele e diziam;
"Pobre burro", e queriam fazer-lhe algum bem. Um queria lhe dar um torrão de açúcar, outro um pedaço de pão, um terceiro queria atraí-lo para um campo verde. Mas ele lhes mostrava que burro ele era. A um mordeu a mão, a outro deu um coice na canela, e com o terceiro empacou como um burro. Então disseram: "Que burro!, e o deixaram em paz.
Do seu dono, contudo ele comia das mãos, mesmo que lhe desse palha seca. E o dono louvava por toda parte e dizia: "Realmente, este é o maior burro que já conheci!"
Bert Hellinger. No centro sentimos leveza. 4a edição. 2012.
Original title: Die Mitter fühlt sich leicht an.
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